26.12.08

. Como é bom! .

Relendo as crônicas do portalitapeva, peço licença à Juliana, minha querida amiga, para registrar neste espaço suas palavras escritas em fevereiro de 2007, pelas quais sou muito grata!

Atrás da Arte
Com um fim de semana com cheiro de arte por toda parte, não há o que fazer senão relaxar e... isso mesmo. Adoro, admiro, almejo a intelectualidade. Quando menina queria mais ser inteligente do que bonita. Na verdade a beleza física eu já tinha descartado, já que se tratava de uma tarefa muito difícil, considerando que sem os recursos oferecidos pela natureza, teria de me esforçar muito. Mas achava que se estivesse sempre perto de gente inteligente... talvez pudesse ser inteligente também. E pensando bem, ser inteligente era mais legal do que ser bonita, mesmo porque todas as minhas amigas bonitas eram muito chatas e cansativas. Interessante que hoje, 20 anos depois, elas não são mais chatas. Mas também não são mais tão bonitas... Bem. E lá era eu na biblioteca do Otávio, emprestando os mesmos livros que o meu colega João, filho da Setembrina. O João era uma espécie de mestre para mim. Ele conhecia todos os poemas, todos os teoremas, falava de autores russos, portugueses, ingleses. Conhecia a história das artes de todos os tempos. E os filmes... ele explicava que o cinema não se limitava a Hollywood. E eu ali, com o conhecimento até então restrito à minha coleção de gibis do Tio Patinhas. Nas aulas do Geraldo eu era uma das mais assíduas. Era bom porque além da língua portuguesa, dava para descobrir coisas da história do Brasil e do mundo. Aliás, o Geraldo merecia ganhar de dois a três salários extras, porque com seus filmes, músicas e poesias ele ensinava mais do que os professores de história ou literatura. Puxa, que saudade das aulas do Gegê. E era eu também lá na biblioteca, com o Miguel Andrade, pensando em editar um jornal da escola. Um jornal polêmico, onde escreveríamos as verdades todas. Mas isso, é claro, nos traria problemas... Certamente com a professora de matemática (Ui!). E o nosso grito de liberdade ficaria para bem mais tarde, quando nos reencontramos e recentemente trabalhamos juntos aqui, na Folha do Sul. Tentei muito. Li tudo, conversei com todas as pessoas e felizmente consegui enxergar um pouco além desse horizonte mesquinho que a sociedade não nos cansa de apresentar. A vida aconteceu para todos nós, mas já entendi que nunca serei um desses seres intelectuais iluminados, que nascem mesmo com uma estrela a mais e um conhecimento que – sei não – desconfio que vem do além. Talvez meu forte seja mesmo o bom humor, que chega através de um intenso carinho que sinto pelas pessoas, pela vida e por essa coisarada toda que está ao nosso redor. E é desse jeito assim, bem feliz, que pretendo saborear cada minuto desse festival de cinema. Festival que a nossa secretária de Cultura Setembrina – a mãe do João – graças ao empenho do iluminadíssimo Rafael Primo, promove na cidade. Cidade que, assim como eu, ainda tem um caminho longo a percorrer para chegar lá. Mas tenho fé. E acho mesmo que a gente já começou a caminhar.