13.7.10

. Campbell - continuando .

"Quando Dante, na linha inicial de A Divina Comédia, diz: No meio do caminho de nossa vida, encontrei-me numa floresta escura, perigosa, ele se refere a esse momento. É o momento em que você, após ter alcançado suas metas, é uma plataforma de lançamento para uma nova vida espiritual; do contrário, sua estrada fica bloqueada - é como descer de esqui por uma montanha e, em vez de dar um salto, chocar-se contra uma parede.

O propósito da primeira parte de sua vida é proporcinar-lhe experiências das quais você possa extrair suas realizações espirituais.

É disso que Dante fala. E Virgílio, o guia - não o poeta cristão, mas o poeta pagão que celebra a dinâmica das atividades do corpo e das experiências da vida; não das graças sobrenaturais, mas das naturais; diz: Muito bem, então volte pelo inferno.

Isso significa voltar através de toda a experiência de sua vida física e buscar compreender sua referência espiritual, que vem por meio das experiências purgatórias e, por fim, celestiais.

Reconhecemos essa referência, no casamento, por exemplo: há dois estágios. Ao primeiro chamo de estágio biológico, que tem a ver com gerar e criar filhos; e ao outro chamo de casamento alquímico, que consiste em alcançar a identidade espiritual em que os dois são, de certa forma, uma pessoa.

Chega um momento, no casamento - se você vive o suficiente e leva-o adiante bastante tempo, em que você percebe que houve um casamento espiritual, que os dois indivíduos são dois aspectos de uma identidade.

É a imagem do andrógino, o ser masculino/feminino.

Nessa referência mitológica, os dois são um.

Mas quantas pessoas você conhece que, quando os filhos saem do ninho, acabam se divorciando porque jamais fizeram o segundo casamento: o espiritual!

Não aprendemos essas lições em nossos sistemas educacionais e não sabemos como lidar com esse tipo de situação, quando ela surge. É uma grande pena."