1.2.09

. 25 de janeiro .

Entre as tristes notícias da nossa cidade, se faz necessário lembrar que há 25 anos, no dia 25 de Janeiro, teve início o maior movimento popular brasileiro, com o comício histórico da Praça da Sé que exigia eleições diretas para presidente: Diretas-Já.
Em abril de 1984, um ano depois, a Emenda Dante de Oliveira foi rejeitada no Congresso Nacional, numa vergonhosa manobra.
Diz a física que a toda ação corresponde uma reação.
O texto a seguir, do jornalista Ricardo Kotscho, retrata o estado de espírito da nossa nação, naquele momento político:

"Faltaram apenas 22 votos para a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que previa a volta das eleições diretas para presidente e precisava de maioria de dois terços no Congresso Nacional, naquela triste madrugada de 25 para 26 de abril de 1984.

Pelo chão acarpetado do plenário da Câmara Federal, quando tudo acabou, os representantes de um povo derrotado no seu maior anseio pisavam sobre as pétalas de crisântemos amarelos, que estes meses todos simbolizaram uma luta, um sonho, um encontro _ o grito de liberdade desta humilhada Nação brasileira.

Lá fora, depois das duas da manhã, algumas centenas de cidadãos ainda esperavam o impossível, uma reversão no resultado que ninguém queria: a esmagadora maioria dos 130 milhões de brasileiros arrasada pela ausência dos deputados do PDS (o partido do governo militar).

(…) Alguns deputados choravam, outros se prostravam em silêncio. Ao ser anunciado o resultado da votação da Emenda Dante de Oliveira, pouco depois das duas horas da manhã de ontem, a grande festa que todo o povo brasileiro esperava corria o risco de se transformar num imenso velório.

Mais uma vez, porém, este povo reagiu. Em vez de ficarem lamentando os 22 votos que faltaram para que o Brasil voltasse a ser uma democracia, os homens e as mulheres que lotavam as galerias bradaram seu grito de guerra: “Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil!”.