. coisas que vimos e ouvimos .
Para que nunca mais se fale em "ditabranda"
"Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos". (At. 4,20)
Conta Dom Paulo Evaristo Arns no prefácio do livro "Brasil Nunca Mais":
"As experiências que desejo relatar no frontispício desta obra pretendem reforçar a idéia subjascente em todos os capítulos, a saber, que a tortura, além de desumana, é o meio mais inadequado para chegarmos a descobrir a verdade e chegar à paz.
...Um dia, ao abrir a porta do gabinete (atendia de 20 a 50 pessoas por semana, todas em busca do paradeiro de seus parentes) vieram ao meu encontro duas senhoras, uma jovem e outra de idade mais avançada.
A primeira, ao assentar-se à minha frente, colocou de imediato um anel sobre a mesa, dizendo: "É a aliança do meu marido, desaparecido há dez dias. Encontrei-a nesta manhã, na soleira da porta. Sr. padre, que significa esta devolução? É sinal de que está morto ou é um aviso para que eu continue a procurá-lo?"
Até hoje, nem ela nem eu tivemos resposta a essa interrogação dilacerante.
A senhora mais idosa fez a pergunta que já vinha repetindo há meses: "O senhor tem alguma notícia do paradeiro de meu filho?" Logo após o sequestro, ela vinha todas as semanas. Depois reaparecia de mes em mes. Sua figura se parecia sempre mais com a de todas as mães de desaparecidos. Durante mais de cinco anos, acompanhei a busca de seu filho, através da Comissão Justiça e Paz e mesmo do Chefe da Casa Civil da Presidência da República. O corpo da mãe parecia diminuir, de visita em visita. Um dia também ela desapareceu. Mas seu olhar suplicante de mãe jamais se apagará de minha retina."
Depoimentos de Mulheres torturadas:
(...) que a interrogada foi submetida a choques elétricos em vários lugares do corpo, inclusive nos braços, nas pernas e na vagina; que o marido da interogada teve a oportunidade de presenciar estas cenas relacionadas com choques elétricos e os torturadores amplificavam os gritos da interrogada, para que os mesmos fossem ouvidos pelo seu marido;(...)
(...) que, ao retornar à sala de torturas, foi colocada no chão
com um jacaré sobre seu corpo nu; (...)
(...) que foi transferida para o DOI da Polícia do Exército da B. de Mesquita, onde foi submetida a torturas com choque, drogas, servícias sexuais, exposição de cobras e baratas; que essas torturas eram efetuadas pelos próprios Oficiais; (...)
Quanto às mulheres torturadas, aqui estão somente as mais "leves", sem falar de seus filhos pequenos, também vítimas da covardia.
(BRASIL NUNCA MAIS - UM RELATO PARA A HISTÓRIA)
"Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos". (At. 4,20)
Conta Dom Paulo Evaristo Arns no prefácio do livro "Brasil Nunca Mais":
"As experiências que desejo relatar no frontispício desta obra pretendem reforçar a idéia subjascente em todos os capítulos, a saber, que a tortura, além de desumana, é o meio mais inadequado para chegarmos a descobrir a verdade e chegar à paz.
...Um dia, ao abrir a porta do gabinete (atendia de 20 a 50 pessoas por semana, todas em busca do paradeiro de seus parentes) vieram ao meu encontro duas senhoras, uma jovem e outra de idade mais avançada.
A primeira, ao assentar-se à minha frente, colocou de imediato um anel sobre a mesa, dizendo: "É a aliança do meu marido, desaparecido há dez dias. Encontrei-a nesta manhã, na soleira da porta. Sr. padre, que significa esta devolução? É sinal de que está morto ou é um aviso para que eu continue a procurá-lo?"
Até hoje, nem ela nem eu tivemos resposta a essa interrogação dilacerante.
A senhora mais idosa fez a pergunta que já vinha repetindo há meses: "O senhor tem alguma notícia do paradeiro de meu filho?" Logo após o sequestro, ela vinha todas as semanas. Depois reaparecia de mes em mes. Sua figura se parecia sempre mais com a de todas as mães de desaparecidos. Durante mais de cinco anos, acompanhei a busca de seu filho, através da Comissão Justiça e Paz e mesmo do Chefe da Casa Civil da Presidência da República. O corpo da mãe parecia diminuir, de visita em visita. Um dia também ela desapareceu. Mas seu olhar suplicante de mãe jamais se apagará de minha retina."
Depoimentos de Mulheres torturadas:
(...) que a interrogada foi submetida a choques elétricos em vários lugares do corpo, inclusive nos braços, nas pernas e na vagina; que o marido da interogada teve a oportunidade de presenciar estas cenas relacionadas com choques elétricos e os torturadores amplificavam os gritos da interrogada, para que os mesmos fossem ouvidos pelo seu marido;(...)
(...) que, ao retornar à sala de torturas, foi colocada no chão
com um jacaré sobre seu corpo nu; (...)
(...) que foi transferida para o DOI da Polícia do Exército da B. de Mesquita, onde foi submetida a torturas com choque, drogas, servícias sexuais, exposição de cobras e baratas; que essas torturas eram efetuadas pelos próprios Oficiais; (...)
Quanto às mulheres torturadas, aqui estão somente as mais "leves", sem falar de seus filhos pequenos, também vítimas da covardia.
(BRASIL NUNCA MAIS - UM RELATO PARA A HISTÓRIA)
1 Comments:
parabéns Setembrina pelo artigo, eu também ficou horrorizado quando alguém fala em volta dos generais.
Parabéns ao Governo Lula que anistiou o nosso Jango "post morten", reconhecendo o crime politico cometido contra o mesmo.
JAIR CARVALHO
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