20.6.10

. inesgotável generosidade da imaginação .

José Saramago nos mostra, em poucas palavras, sua eterna militância em "A Viagem do Elefante":

"Têm razão os cépticos quando afirmam que a história da humanidade é uma interminável sucessão de ocasiões perdidas. Felizmente, graças à inesgotável generosodade da imaginação, cá vamos suprindo as faltas, preenchendo as lacunas o melhor que se pode, rompendo passagens em becos sem saída e que sem saída irão continuar, inventando chaves para abrir portas órfãs de fechadura que nunca tiveram."

. conversa de salão .

Estas mulheres poderosas...

Uma delas passeava perto de um lago, quando de repente apareceu um sapo suplicando: - 0lhe, eu sou um engenheiro e fui transformado num sapo por uma bruxa malvada. Se você me beijar, eu me caso com você e seremos felizes para sempre!
Nossa amiga, toda feliz, pegou o sapo e o colocou no bolso da jaqueta. Enquanto ela caminhava rumo à sua casa, o sapo, impaciente, perguntou: - Ei, você não vai me beijar?
Ela respondeu: - De jeito nenhum! Faço mais dinheiro com um sapo falante do que com um marido engenheiro.

Pois é, existe um ditado bem instigante: - "As boazinhas vão para o céu. As outras, somente para onde elas querem!!!!"

19.6.10

. José Saramago .

Quando alguém como Saramago vai embora, o mundo fica mais triste e o céu ganha uma estrela!
Assim, como numa fuga, absorvo melhor a morte dos amigos queridos. E Saramago é um deles, pela sua militância radical e serena; pela presença constante entre meus livros preferidos, o que me faz acreditar que o poeta, o artista, vive para sempre, se eterniza em suas obras.

Narrando a conjuntura do nascimento de Jesus, belíssimo texto do "Evangelho segundo Jesus Cristo", livro que lhe custou exílio voluntário na Espanha:

"Então o carpinteiro encheu-se de coragem e em voz alta perguntou se naquela casa ou nouta, Se me estão a ouvir, se alguém quereria, em nome do Deus que tudo vê, dar guarida a sua mulher, que está para ter um filho, decerto haverá por aí um canto recolhido, que esteiras trazia-as ele, E também onde é que poderei encontrar nesta aldeia uma aparadeira para ajudar ao parto, o pobre José dizia envergonhado estas coisas enormes e íntimas, ainda com mais vergonha por sentir-se corar ao dizê-las.

(...) Com todo este ir e vir, este andar e estar parado, este pedir e perguntar, foi desmaiando o forte azul do céu, e o sol não tarda que se esconda por trás daquele monte."

Em seu blog, a última postagem:
"Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método e reflexão, que pode não ter um objetivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objetivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem idéias, não vamos a parte nenhuma."

16.6.10

. vuvuzela .

Tão feliz quanto com a vitória do Brasil, fiquei com o telefonema do meu amigo Beto, a me dizer que se trata de vuvuzela (é assim que se escreve?), e que seria uma parente próxima da corneta, bem mais nobre pelo metal que a compõe.

Agradecendo pela gentileza (lembra que nem sabia o nome do instrumento estridente na postagem abaixo?), rimos muito com a nossa descoberta: a vuvuzela é aquela prima pop, abusada, barrulhenta, com cores berrantes a desfilar por aí fazendo a alegria da galera, ignorando solenemente sua prima nobre, reluzente, esperando os raros momentos de sair do luxuoso estojo...que tédio!!!

15.6.10

. BRASIL!!! .

O futebol é magia, nos irmana, tem algo de transcendência neste país plural e único!

Assistindo a essa loucura coletiva com a distância necessária (estarei velha?) me vem à cabeça que um dia vamos nos mobilizar pelo trem da alegria aqui da Terrinha, com a praga da corrupção em todos os níveis e com a excrescência que é aquele projeto que modifica o código florestal.

Penso que o Aldo Rebelo pisou em sua biografia...
Nestes momentos, só me resta pensar em Maquiavel e recorrer aos versos de Drummond:

"Este País não é meu
nem vosso ainda, poetas,
mas ele será um dia
o País de todo homem!"

Vamos em frente!!!

. sufoco! .

Socorro!!!
Não aguento o marasmo deste jogo, parece que a bola foge, sei lá...
Fiz pipoca, todas as mandingas, comi todas as unhas e nada de gol. Viro as costas para a TV e GOOOOOLLLLL!!!!!MAICON!!!!!! Como convém aos nossos meninos da periferia. É Maicon, é Jon Lenon, Uochinton....
Valeu nosso grito preso na garganta!!! Merecemos.... Ouvindo as cornetas (seria luluzelas?) vou para o quarto e acendo uma vela amarela, daquelas grandes, para São Jorge, claro, meu santo guerreiro, que nunca me deixa na mão. E penso com meus botões: Deus é nosso!!! Viva o povo brasileiro!!!

14.6.10

. é o amor outra vez! .

Dia destes, andando pelas ruas da cidade fui literalmente arrebatada por um CD da Bethânia. Como é bom dar este presente a si mesma em tempos de baixaqui e pirataria de todo lado. Um luxo a foto de capa a estampar o rosto marcante e sereno de uma mulher madura que não foi plastificada, com o título "tua" manuscrito, assim como seu nome. Quando você abre o álbum, todo em dourado e as letras também manuscritas!!! E a seleção? Saí da loja (ainda existe, sim) leve neste outono-inverno denso, com a alegria e paz de espírito que só a arte nos proporciona!!!

Nestes dias frios em que celebramos o amor, partilho com você:

É o amor
É o amor outra vez
Veio sem me avisar
Foi abrindo o portão
Desse meu coração
Prá me visitar
Pôs a mala no chão
Acendeu meu olhar
Me beijou com paixão
Me trouxe um perdão
Que me fez chorar

Quando o amor se hospedou
Todo mal se desfez
Toda dor teve fim
Pois quem cuida de mim
É o amor outra vez.

É o amor que dá vida ao meu peito
Prá eu jamais ver o tempo passar
É o amor que dá paz ao meu leito
E me ensina a sonhar
Só o amor faz um bem tão bem feito
Que o destino não vai desmanchar
Só uma coisa ao amor não tem jeito
É o medo de amar.

Mas agora que eu sei
Todo bem que me fez
Vou seguir sua lei
No meu peito meu rei
É o amor outra vez.

É o amor
(Dori Caymi - Paulinho Pinheiro)